E se ele parar de responder? Como lidar com sinais de confusão, desorientação ou demência em pets idosos
Você chama o nome dele, mas ele não responde como antes.
Ou talvez fique parado olhando pra parede, como se estivesse longe — mesmo estando do seu ladinho.
Tem dias em que parece esquecer onde está a caminha, ou até onde está o potinho de água.
Esses momentos tocam o coração de qualquer tutor. E a dúvida vem como um aperto:
“Será que ele está ficando confuso? Será que está com demência?”
Antes de tudo, respira. Você não está sozinho.
E seu peludinho também não está “perdendo a cabeça” — ele está atravessando uma nova fase da vida, e precisa de você mais do que nunca.
O que é a disfunção cognitiva em pets idosos?
Assim como acontece com humanos, cães e gatos também podem ter alterações cognitivas à medida que envelhecem.
É o que muitos chamam de “demência canina” ou “síndrome da disfunção cognitiva” — um processo neurológico que pode afetar a memória, a percepção do ambiente e o comportamento.
A boa notícia?
Não é o fim do mundo. E com carinho, adaptação e orientação certa, dá pra manter a qualidade de vida do seu pet por muito tempo.
Mas como saber se é isso mesmo?
Muitos tutores acham que o pet está apenas “mais idoso”, quando na verdade ele está apresentando sinais de desorientação ou perda cognitiva.
Aqui vão alguns comportamentos comuns que podem servir de alerta:
– Fica parado em cantos ou olhando fixamente para a parede
– Parece esquecer comandos que antes conhecia bem
– Tem dificuldade para encontrar a comida ou a caminha
– Acorda no meio da noite e anda sem rumo
– Se perde em casa, mesmo em ambientes conhecidos
– Late ou mia sem motivo aparente
– Perde o interesse em brincadeiras ou interações
– Tem mudanças de personalidade, como ficar mais apático ou irritadiço
Esses sinais, isolados ou combinados, não significam que ele está “sem volta” — apenas que algo está mudando, e você pode ajudar a tornar essa transição mais leve.
Nem todo esquecimento é demência
Antes de qualquer coisa, é importante lembrar:
mudanças comportamentais podem ter várias causas.
Desde problemas de visão, audição, dores articulares, efeitos colaterais de medicamentos ou até distúrbios hormonais — tudo isso pode se parecer com sinais de confusão.
Por isso, o primeiro passo é sempre procurar um médico veterinário de confiança.
Ele pode avaliar de forma clínica o que está acontecendo e, se for o caso, iniciar um plano de cuidados específico.
E sim, existem clínicas e faculdades com atendimento acessível. Não deixe para depois.
O que o seu pet precisa nesse momento?
O que ele mais precisa é o que você já tem: amor, paciência e presença.
Pets com sinais de disfunção cognitiva se sentem inseguros com mudanças e estímulos excessivos. Por isso:
– Mantenha os móveis no mesmo lugar
– Não mude o caminho até o potinho ou caminha
– Evite ambientes barulhentos ou cheios de gente
– Fale com ele com a mesma entonação suave de sempre
– Respeite o tempo dele — inclusive quando ele parecer distante
– E, acima de tudo, não leve para o lado pessoal se ele esquecer algo
Ele não está deixando de te amar.
Ele está apenas aprendendo a viver com um cérebro que já não responde como antes.
Quando o comportamento muda, mas o amor continua ali
Talvez o seu peludinho tenha começado a agir diferente e você nem saiba como descrever.
De repente, ele late do nada, como se estivesse irritado com algo que só ele vê.
Ou passa a andar de um lado pro outro na madrugada, sem rumo, enquanto você só quer que ele descanse.
Às vezes chora baixinho na caminha, sem estar com fome, com frio ou querendo carinho.
Outros dias, ele pega aquela mantinha antiga e começa a mordiscar, como se estivesse voltando pra uma memória de quando era bebê.
E aí vem o medo, né?
“O que está acontecendo com ele?”
“Será que ele está perdendo a noção do tempo?”
“Será que ainda me reconhece?”
Essas reações são mais comuns do que se imagina — e não têm uma explicação única.
Mas o que a gente sabe é que, com a idade, o cérebro do pet pode passar por mudanças que deixam tudo meio embaralhado: o espaço, o tempo, o comportamento e até as emoções.
E não, ele não está “ficando louco”.
Ele está lidando com um corpo e uma mente que já não respondem como antes. E mesmo sem entender o que está acontecendo, ele ainda sente que você está ali.
Como tornar a casa mais segura (e acolhedora)
Algumas mudanças simples podem ajudar muito nesse momento:
– Evite pisos lisos, que podem causar escorregões
– Deixe a caminha em local fixo e acessível, sem obstáculos no caminho
– Use escadinhas se ele costuma subir no sofá ou na cama — isso evita lesões como rompimentos de ligamentos ou problemas na coluna
– Mantenha luz suave à noite, se ele acorda confuso ou inquieto
– Diminua os estímulos em dias que ele parecer mais agitado
– E se ele “sumir” um pouco em si mesmo, não insista — só fique perto. Às vezes, presença é tudo.
Você não vai conseguir impedir o tempo de passar.
Mas pode transformar o que seria confusão em conforto.
E isso muda tudo.
Cuidados que fazem diferença nessa fase
À medida que o pet envelhece e surgem sinais de desorientação, alguns ajustes também podem ajudar a suavizar esse processo com afeto e praticidade.
Escadinhas, superfícies e proteção física
Se o seu pet ainda tenta subir na cama ou no sofá, o ideal é oferecer escadinhas ou rampas, que evitam quedas e possíveis lesões como rompimentos de ligamentos, hérnias ou dores nas articulações.
Evite pisos muito lisos. Tapetes antiderrapantes e áreas com apoio firme transmitem mais segurança, especialmente para quem já não tem os mesmos reflexos.
Alimentação adaptada com orientação
A alimentação pode ser uma aliada nesse momento.
Rações específicas para pets sêniores geralmente trazem antioxidantes, controle de sódio e fósforo, além de ingredientes como o DHA, que ajudam a manter a função cognitiva.
Suplementos como ômega 3 (óleo de peixe) também são bastante usados — mas sempre com orientação veterinária.
Se você segue alimentação natural, procure o acompanhamento de um nutrólogo veterinário para manter o equilíbrio necessário nessa fase.
O essencial continua sendo observar e agir com amor
Cada pet vai demonstrar os sinais à sua maneira.
Por isso, o mais importante é o olhar cuidadoso do tutor. E quando algo sair do padrão de comportamento habitual, não espere que se agrave.
Existem hospitais veterinários universitários, clínicas solidárias e ONGs que oferecem atendimento a preços acessíveis. Agir com responsabilidade e rapidez pode evitar desconfortos e dar ao seu pet mais qualidade de vida por muito mais tempo.
✨ Dica Bônus PetzyGlow
Se seu pet apresentar sinais de desorientação ou inquietação, experimente caminhar com ele dentro de casa, com calma, guiando pelos ambientes que ele conhece. Fale com ele com a voz que ele reconhece. Mostre onde está a água, a caminha, a porta.
Esse pequeno “reconhecimento do território” pode devolver segurança a ele e tranquilidade a você.
Não precisa ser sempre. Mas quando for preciso, vai fazer diferença.
A memória pode falhar, mas o vínculo permanece
Com o tempo, pode ser que ele esqueça o comando “senta”, o caminho até o pote de comida, ou o lugar certo de fazer xixi.
Mas ele não esquece quem é você.
Mesmo que pareça distante às vezes, ele sente sua energia.
E mesmo que os olhos não brilhem como antes, ainda buscam por você.
O amor que vocês construíram não se apaga com a idade.
Ele só muda de forma. Fica mais sutil. Mais silencioso.
Mas continua ali — inteiro, verdadeiro, presente.
🐾Se esse conteúdo te ajudou a perceber com mais sensibilidade o que o seu pet pode estar vivendo, talvez você também goste deste outro texto, sobre como adaptar a rotina com mais conforto na fase madura.
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👉 Este conteúdo foi elaborado com base em orientações de profissionais da área veterinária, vivências reais de tutores e materiais informativos de instituições confiáveis. Tem caráter educativo e não substitui a avaliação clínica individualizada. Ao notar qualquer alteração persistente, consulte um médico veterinário de confiança.
Adorei as informações. Tenho um cachorro de 14 anos e identifiquei os sinais nele.Obrigada.
Jú, muito obrigada por prestigiar o blog! Fico feliz que o texto tenha ajudado teu velhinho de 14 aninhos — por aqui, minha Tiffany tá com 12 e também vem mostrando alguns sinais… escrevi com o coração cheio.
Abraço de urso pra vocês dois! 🐼💙
Muito obrigada